Em uma safra marcada por elevada umidade e condições favoráveis à produtividade, cresce também o risco de doenças que podem comprometer o potencial das lavouras. O engenheiro agrônomo Ricardo Balardin, CSO & Founder da DigiFarmz, mestre em Fitotecnia/Fitopatologia e Ph.D. pela Michigan State University, explica que o conceito de “alta pressão” (termo amplamente discutido entre técnicos e produtores) é frequentemente mal interpretado. Segundo ele, não se trata dos primeiros sintomas visíveis na lavoura, mas da elevada quantidade de inóculo presente no ambiente antes da manifestação da doença.
Balardin destaca que a alta pressão ocorre quando há inóculo suficiente para gerar epidemias caso o produtor não realize o controle no momento correto. Em cenários assim, a evolução das doenças tende a ser mais agressiva, impactando tanto o início do ciclo quanto fases críticas como o florescimento e o enchimento de grãos. “A presença de muito inóculo disponível acelera o desenvolvimento da epidemia. Por isso, em anos com esse perfil, o manejo precisa ser essencialmente preventivo”, afirma.
Anos chuvosos ou com boa distribuição hídrica, geralmente comemorados pelos produtores, são também os que apresentam maior risco fitossanitário. O excesso de molhamento foliar e a disponibilidade constante de água criam um ambiente ideal para patógenos, em especial para doenças que produzem grande quantidade de esporos, como a ferrugem-asiática.
“Quando combinamos muito inóculo com condições climáticas favoráveis, temos o cenário perfeito para uma epidemia”, explica o pesquisador. Mesmo doenças que esporulam menos, como as manchas foliares, tornam-se altamente agressivas a partir do florescimento.
Por isso, acompanhar variáveis ambientais ao longo da safra é decisivo não apenas para estimar produtividade, mas para ajustar programas de controle e intervalos entre aplicações.
Diante de elevado risco fitossanitário, Balardin reforça que programas de controle devem priorizar três pilares: aplicações preventivas, moléculas de amplo espectro e combinação de ativos que ampliem o residual e reduzam riscos de resistência.
O pesquisador chama atenção especial para o uso de protetores que oferecem diferentes papéis ao longo do ciclo. “Sempre que trabalhamos apenas com um único ativo, perdemos espectro de controle em alta pressão. A robustez vem da combinação de mecanismos de ação”, reforça. Ele lembra ainda que existem formulações prontas que unem protetores distintos, ampliando a consistência do manejo e minimizando os riscos de resistência dos patógenos aos ativos.
A partir do florescimento, a velocidade das doenças aumenta tanto por maior susceptibilidade da planta quanto por mudanças hormonais, como o incremento de etileno, que reduz a capacidade de defesa. Por isso, Balardin enfatiza que o capricho tecnológico das aplicações se torna decisivo.
Ele descreve que não basta aplicar em horários adequados (manhã ou fim da tarde). É fundamental assegurar cobertura e penetração suficientes, para que todas as folhas recebam quantidade mínima absorvível do produto. “Não é apenas o número de gotas depositadas sobre as folhas, mas o número de gotas absorvidas”, explica. Folhas mais velhas, com cutícula mais espessa, tendem a absorver menos, exigindo mais cuidado nas pulverizações.
A falta dessa precisão reduz o residual, o que obriga o produtor a encurtar intervalos e aumenta o risco de fitotoxidade quando se intensifica a carga de ativos na planta. Diversas vezes o produtor interpreta esta redução de eficácia como um problema do ingrediente ativo, mas na verdade o que ocorreu foi uma diminuição do ativo efetivamente absorvido, que acaba por resultar em redução de eficácia. Em anos de alta pressão, isso pode comprometer tanto o manejo quanto a produtividade final.
Balardin explica que há dois cenários distintos: produtores que iniciam o programa desde o vegetativo, de forma preventiva, e aqueles que postergam o manejo para o pré-florescimento ou florescimento. O segundo grupo opera sob risco muito maior.
Se o inóculo já está alto quando o produtor realiza sua primeira aplicação no florescimento, a tendência é que a carga de doença seja difícil de controlar, exigindo mais intervenções e aumentando o risco de falhas. Já quando o manejo foi iniciado no vegetativo, a pressão inicial é reduzida, o que permite conduzir o programa com maior longevidade das moléculas e intervalos mais estáveis entre aplicações.
A partir do florescimento, intervalos de 20 dias no vegetativo podem cair para 16, 15 ou até 14 dias, especialmente em anos úmidos. Por isso, respeitar o intervalo recomendado pelo programa de manejo é fundamental. “Se o intervalo é 16 dias, é 16 dias. Não é 14, não é 18. É precisão”, reforça.
Para enfrentar cenários complexos como os de alta pressão e com incidência simultânea de diversas doenças, Balardin destaca a importância de sistemas capazes de integrar informações climáticas, fitossanitárias e de eficiência de produtos.
É justamente nesse ponto que a DigiFarmz se conecta ao produtor: a solução utiliza dados climáticos atualizados, aliados aos resultados de pesquisas, validações próprias e evidências agronômicas consolidadas, para orientar programas de manejo mais robustos, indicando intervalos de aplicação com precisão e ajustando as recomendações conforme as condições da safra.
Segundo ele, ao seguir as recomendações geradas pela DigiFarmz, o produtor ganha segurança para definir combinações de produtos, manter intervalos ideais e conduzir a lavoura até a quarta aplicação com qualidade, evitando tanto falhas quanto riscos de fitotoxidade, entregando produtividade com mais tranquilidade, mesmo em anos de alta pressão e com incidência de diversas doenças.